segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Resumos GEPEFE

Efeitos Deletérios da Imobilidade

“Do ponto vista médico, a imobilidade é definida como a perda da capacidade de realizar movimentos autônomos empregados no desempenho atividades de vida diária (AVDs) em decorrência da diminuição das funções motoras. Este fato, compromete a independência do indivíduo e por fim leva ao estado de incapacidade ou fragilidade1.”

A partir de 1960, o repouso no leito passou a ser visto como terapêutico, tendo como objetivo poupar “a energia” do individuo para se restabelecer da doença. Desde então este procedimento passou a ser adotado de forma abusiva para todos os estados patológicos, sendo que atualmente esta visão vem sofrendo mudanças com as novas condutas de mobilização precoce no pós-operatório, reabilitação para doenças cardiorespiratórias,etc2.

Na população idosa, que geralmente detém uma maior fragilidade, o repouso ao leito tornou-se uma pratica universal, seja na comunidade ou em instituições. O problema é que a imobilidade prolongada leva a uma deteriorização funcional progressiva de vários sistemas no organismo. Cerca de 20-50% dos idosos que sofrem com alguma ou algumas das síndromes geriátricas perdem sua independência física e ficam confinados no leito após tratamento hospitalar. Em algumas situações, cura-se a doença de base, mas a independência e mobilidade do idoso já estão seriamente comprometidas2.

Diversas são as patologias que levam o idoso a imobilidade, podendo evoluir para Síndrome da Imobilidade (SI) e conseqüentemente ter déficit de equilíbrio, quedas, limitação na marcha, perda da independência, etc2. Muitos fatores podem causar imobilidade em pessoas idosas, sejam eles físicos, psicológicos e ambientais, tais como: artrites, fraturas, doença de Paget, doença de Parkinson, neuropatias periféricas, seqüelas de acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca grave, doença coronariana instável (anginas), claudicação (doença vascular periférica), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), dor crônica, desnutrição grave, etc1. Outro fator importante e geralmente esquecido são os efeitos dos medicamentos os sedativos e os hipnóticos, ao causarem sonolência e ataxia, podem prejudicar a mobilidade. Os medicamentos antipsicóticos, especialmente os agentes do tipo fenotiazina, têm efeitos extrapiramidais e podem causar rigidez muscular e redução da mobilidade1.

Algumas classificações são consideradas para este tipo de restrição no leito, dentre estas classificações a mais aceita e difundida diz que um individuo que fica de 7 a 10 dias imobilizado no leito esteja em período de repouso, já indivíduos que ficam de 12 a 15 dias, já é considerado imobilização, sendo que a partir de 15 dias de restrição no leito, denomina-se decúbito de longa duração3.

Não podemos dizer que todo o paciente confinado ao leito tenha síndrome da imobilidade. A Síndrome da imobilidade é uma complicação da restrição total ao leito e o paciente é portador quando tem todas as características consideradas como critério maior e pelo menos duas do critério menor. O critério maior seria o déficit cognitivo médio a grave e múltiplas contraturas, o critério menor é considerado os sinais de sofrimento cutâneo ou úlcera de decúbito, disfagia leve a grave, dupla incontinência e afasia2.

O termo geral “descondicionamento” pode agrupar os diversos efeitos adversos da imobilidade e é definido como uma capacidade funcional reduzida tanto do sistema musculoesquelético como dos demais sistemas. Estudos realizados nas últimas décadas com pessoas normais e astronautas em condições de gravidade zero apontaram claramente as desvantagens do repouso prolongado no leito, demonstrando que, os efeitos indesejáveis sobrepujam os efeitos terapêuticos. Os idosos, assim como pessoas com doenças crônicas ou incapacitadas são mais suscetíveis aos efeitos deletérios da imobilidade4.

A imobilidade, como citada acima, pode ser causada por diversos fatores e se ocorrer de maneira prolongada pode ser responsável por diversas alterações em todos os órgãos e sistemas humanos.


SISTEMA TEGUMENTAR

A pele do idoso sofre alterações que são próprias do envelhecimento, como a perda da elasticidade, tornando-se mais susceptível a lesões quando o paciente está restrito ao leito2.

As lesões mais freqüentes de ocorrer no paciente acamado são as micoses, xeroses, lacerações, dermatite amoniacal e as úlceras de decúbito2.

As micoses ocorrem devido a umidade constante na superfície corporal causada por líquidos como urina e suor, e são porta de entrada para infecções bacterianas, principalmente em pacientes com Diabettes Melitus. Para prevenir deve manter uma higiene adequada, uma boa nutrição, exposição ao sol, uso de roupas porosas, controle de glicemia e não fazer uso de colchões com superfície plástica2.

Xerose é o ressecamento da pele causado pela diminuição das glândulas sudoríparas e que gera prurido. Para prevenção deve ser usado hidratante na pele2.

As lacerações ocorrem devido a pouca elasticidade da pele do idoso associado ao constante atrito sobre o leito2.

Dermatite Amoniacal são lesões causadas pelo contato da pele com a urina. Como método preventivo deve evitar usar fraldas em pacientes do sexo masculino, dar preferência ao coletor, e nas mulheres fazer uso de fraldas porem dar banho toda vez que troca-lás, para não deixar molhada de urina2.

As úlceras de decúbito são muito freqüentes nos idosos acamados, apresentando incidência de 10-20% e taxa de mortalidade de 70% ao ano. São desencadeadas por uma compressão com tempo maior que duas horas sobre uma área tecidual restrita, produzindo isquemia dos vasos sanguíneos, esta provocando anoxia, morte celular e inflamação em cadeia, levando a necrose tecidual2.


SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO

No sistema músculo-esquelético, as principais alterações que podem ser observadas dizem respeito a encurtamento, atrofia muscular, diminuição da área da fibra, número de sarcômeros em série e aumento de tecido conjuntivo, resultando em rápida rigidez muscular durante a primeira semana. Esse aumento de tecido conjuntivo forma uma barreira mecânica que dificulta o suprimento sangüíneo para as fibras musculares, provocando diminuição dos capilares para a fibra com conseqüente atrofia muscular e diminuição da força muscular. Além disso, a proliferação de tecido conjuntivo faz com que as fibras colágenas tenham contato mais íntimo umas com as outras, podendo estimular a formação de ligação cruzada anormal, o que resulta em perda da extensibilidade e aumento na rigidez tecidual5.

Como o processo da imobilidade ocorrem alterações articulares, como a diminuição da difusão do liquido sinovial e seus nutrientes para a cartilagem intra-articular, levando conseqüências como as contraturas que são definidas como “limitação da amplitude de movimento (ADM) a ponto de impedir um desempenho normal de sua função”. A imobilidade articular prolongada é o fator de risco mais reconhecido para o surgimento de artrofibrose.além de alterações na cartilagem articular como: fibrilação, esgarçamento, formação de cistos e perda das características de coloração da substância fundamental extracelular, graus variáveis de degeneração dos condrocitos, que causa a morte e necrose das células, proliferação da cartilagem nas bordas articulares, atrofia nas áreas responsáveis pela sustentação do peso e erbunação óssea regional, esclerose e reabsorção da cartilagem após 2 semanas de imobilização. Autores citam que de duas a três semanas de imobilização em posição de encurtamento ocorre proliferação de tecido conjuntivo, redução do comprimento da fibra muscular e atrofia muscular, o que resulta em redução da ADM quando a imobilização é removida5. As contraturas devem ser prevenidas com a movimentação ativa e passiva da articulação e o posicionamento no leito2.

No processo do envelhecimento fisiológico há redução de massa muscular, com a imobilidade este processo é mais intenso e acelerado. Nota-se uma perda maior em membros inferiores do que nos membros superiores. O número de unidades motora excitável (neurônio motor único mais o conjunto de fibras musculares por ele inervado) no músculo estriado diminui  acentuadamente, o que acarreta grande perda de fibras de contração rápida ( tipo II) e menor proporção de fibras lentas ( tipo I). A evolução da atrofia muscular pode ser medida através da eliminação na urina de nitrogênio e prevenida fazendo mobilização precoce e posicionamento no leito2. A imobilidade diminui a reserva de ATP, glicogênio e causa deficiência na utilização de ácidos graxos provocando fadiga precoce.

A imobilidade causa também aumento da fatigabilidade do músculo, como resultado da menor capacidade oxidativa. Evidências mostram menos número de mitocôndrias no músculo atrofiado e redução da atividade mitocondrial sete dias após a imobilização, o que acarreta uma redução na respiração celular e contribui para menor resistência (endurance) do músculo.

O estresse resulta em um ligamento mais rígido e mais resistente, ao passo que a inatividade produz uma estrutura mais fraca e mas complacente. As alterações dão origem a uma redução na força de tensão do ligamento e, portanto, reduzem sua capacidade de proporcionar estabilidade articular.

A falta de mobilidade leva a perda de massa óssea de forma rápida, podendo ser vista na densidometria óssea e pelo aumento da calciúria. Isto ocorre devida a falta de atividade muscular, falta de descarga de peso corporal, baixa ingestão de cálcio e falta de exposição solar2. observa-se um declínio na resistência elástica, o osso torna-se mais quebradiço e portanto mais susceptível as fraturas.Os prejuízos causados aos músculos com a imobilização, podem sem minimizados utilizando diversos recursos, como a eletroestimulação, a mobilização e o alongamento. A mobilização é importante para reorganização do tecido conjuntivo, promove alinhamento mais funcional da fibras colágenas, minimizando o surgimento de aderências após o período de imobilização. pesquisas confirmam que o alongamento previne a atrofia muscular, a proliferação de tecido conjuntivo, a perda de sarcômeros em série, além de ativar a síntese protéica e induzir hipertrofia e hiperplasia muscular5.


SISTEMA RESPIRATÓRIO

No sistema respiratório, evidencia-se redução de 25 a 50% do volume corrente, do volume-minuto, da capacidade respiratória máxima, da capacidade vital e da capacidade de reserva funcional, havendo ainda, redução da PaO2 e alterações na relação V/Q. As secreções da mucosa tendem a acumular e a tosse pode ser ineficaz por causa da piora da mobilidade ciliar e da fraqueza dos músculos abdominais1,3.

Uma explicação para a diminuição das capacidades é que o movimento diafragmático fica diminuído, há redução da excursão torácica, da amplitude de movimento das articulações costovertebrais e costocondrais, a respiração torna-se mais superficial. A mobilidade diafragmática reduzida, fraqueza dos músculos intercostais e função ciliar comprometida predispõem o individuo a infecções respiratórias e pneumonias hipostática2.

A pneumonia é a principal causa de morte em idosos acamados. A posição de supina faz com que favoreça o acumulo de liquido na base dos pulmões e este liquido serve de meio de cultura para bactérias que causarão a pneumonia hipostática2.


SISTEMA CARDIOVASCULAR

No sistema cardiovascular evidencia-se aumento da freqüência cardíaca (FC) máxima, redução do debito cardíaco e diminuição da utilização de oxigênio periférico causa declínio no consumo máximo de O2, redução do retorno venoso e consequentemente redução do volume de enchimento e do volume de ejeção.

Na SI, as contraturas dos MMII e a falta do efeito bomba dos músculos da panturrilha predispõe a estase venosa que associado a hipercoagulabilidade e lesões nas paredes dos vasos formando a tríade de Virchow facilita a formação de trombose venosa profunda2. Os sinais e sintomas são edema, hipersensibilidade, hiperemia difusa, distensão venosa e sinal de Homans.

A embolia pulmonar é responsável por 20% das mortes dos pacientes acamados e é conseqüência da trombose venosa profunda2.

A isquemia arterial aguda dos MMII é causada por uma obstrução ateromatosa da artéria tendo como manifestação um quadro insidioso de palidez do membro, dor intensa, hipotermia, ausência de pulso e por fim gangrena. As contraturas de joelho e quadril são uma das causas de fechamento da luz arterial e formação de trombos, levando a isquemia do membro2.

A diminuição da tolerância ao ortostatismo, ou seja, hipotensão ortostática, também compõe uma das conseqüências da imobilidade no sistema cardíaco. O paciente vai apresentar parestesia, tonturas, desmaios, vertigens, aumento da freqüência de pulso acima de 20 batimentos por minuto.


SISTEMA URINÁRIO

A grande maioria dos pacientes com SI são incontinentes, isto porque são geralmente portadores de demência avançada, tem dificuldade de comunicação e deambulação, são portadores de infecções urinarias crônicas, usam muitos fármacos e estão muito fragilizados2.

No sistema urinário devido a hipercalciúria e a fosfatúria podem provocar a formação de litíase renal levando a hemáturia e infecções do trato urinário. Além disso, devido a imobilidade ocorre comumente a estase urinaria, alem de ser comum a presença de incontinência urinária3.

Dados mostram que pacientes restritos ao leito têm 40% de incidência de infecção do trato urinário, sendo a infecção mais comum em pacientes institucionalizados. Os fatores que predispõe estas infecções são as incontinências urinárias, uso de fraldas geriátricas, obstrução uretral, baixa ingestão de líquidos, internação hospitalar, diminuição da IgA na parede vesical, diminuição da capacidade renal para acidificar a urina e manter a osmolaridade2. O enfraquecimento dos músculos abdominais, diminuição da incursão diafragmática e relaxamento incompleto do assoalho pélvico resultam em retenção urinária parcial.


SISTEMA DIGESTÓRIO

A imobilidade provoca perda de apetite, diminuição da velocidade de absorção dos alimentos e hipoproteinemia nutricional. Em decúbito dorsal, a passagem do alimento pelo esôfago, estomago e intestino fica lento. Os pacientes acamados podem apresentar fezes endurecidas e impactadas no sigmóide e reto, evoluindo para o fecaloma. O paciente cursa com desconforto abdominal, anorexia, vômitos e agitação psicomotora2,3.

Dos idosos com a SI 90% tem desnutrição, contra 14% dos idosos normais acima de 80 anos. Por este motivo os idosos com SI tem alta susceptibilidade as infecções e pouca resposta as vacinas de influenza e pneumonia pneumocócica1. A desnutrição e a caquexia podem ser causada por disfagia e uso de sondas, anorexia, seqüela de AVE, estados demenciais avançados, perda de olfato, visão e paladar, problemas odontológicos, constipação, fecaloma, diarréia, gastroparesia, má absorção intestinal, aumento do catabolismo, pneumopatias e cardiopatias, síndromes dolorosas, falta de pessoas para preparar e oferecer o alimento, etc2.







REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Jr AM.  Imobilidade, um sério problema para o idoso. Disponível em: http://. Acessado em: 05/03/2008.www.medicinageriatrica.com.br

2. LEDUC.S.M.M, Imobilidade e Síndrome da Imobilização In. Freitas EV et al Tratado de Geriatria e Gerontologia, 1º edição, Rio de Janeiro:  Guanabara Koogan, 2002, 645-653.

3. Bass BL. Conseqüências da Síndrome de imobilidade no leito. Disponível em: http://. Acessado em: 05/03/2008 www.interfisio.com.br

4. HALAR EM & BELL KR. Imobilidade. In:  DELISA JÁ et al. Tratado de Medicina de Reabilitação. Princípios e Prática. São Paulo: Manole, vol. 2,  3ª edição, 2002.1067-1087.

5. Appell HJ. Muscular atrophy following immobilization: a review. J Sports Med. 1990;10(1):42-58. In: Caierão QM. , Rosana MT, Minamoto VB. A influencia da imobilização sobre o tecido conjuntivo muscular:uma revisão. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 20, n. 3, p. 87-92, jul./set. 2007

6. Disponível em: <.http:// www.wgate.com.br/fisioweb>. Acessado em: 14/03/2008

                                                                                          * Publicado em 06/11/2008



 © 2007 - Copyright GEPEFE - Todos os Direitos Reservados - Salvador.Bahia.Brasil


Resumos GEPEFE

Efeitos Deletérios da Imobilidade

“Do ponto vista médico, a imobilidade é definida como a perda da capacidade de realizar movimentos autônomos empregados no desempenho atividades de vida diária (AVDs) em decorrência da diminuição das funções motoras. Este fato, compromete a independência do indivíduo e por fim leva ao estado de incapacidade ou fragilidade1.”

A partir de 1960, o repouso no leito passou a ser visto como terapêutico, tendo como objetivo poupar “a energia” do individuo para se restabelecer da doença. Desde então este procedimento passou a ser adotado de forma abusiva para todos os estados patológicos, sendo que atualmente esta visão vem sofrendo mudanças com as novas condutas de mobilização precoce no pós-operatório, reabilitação para doenças cardiorespiratórias,etc2.

Na população idosa, que geralmente detém uma maior fragilidade, o repouso ao leito tornou-se uma pratica universal, seja na comunidade ou em instituições. O problema é que a imobilidade prolongada leva a uma deteriorização funcional progressiva de vários sistemas no organismo. Cerca de 20-50% dos idosos que sofrem com alguma ou algumas das síndromes geriátricas perdem sua independência física e ficam confinados no leito após tratamento hospitalar. Em algumas situações, cura-se a doença de base, mas a independência e mobilidade do idoso já estão seriamente comprometidas2.

Diversas são as patologias que levam o idoso a imobilidade, podendo evoluir para Síndrome da Imobilidade (SI) e conseqüentemente ter déficit de equilíbrio, quedas, limitação na marcha, perda da independência, etc2. Muitos fatores podem causar imobilidade em pessoas idosas, sejam eles físicos, psicológicos e ambientais, tais como: artrites, fraturas, doença de Paget, doença de Parkinson, neuropatias periféricas, seqüelas de acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca grave, doença coronariana instável (anginas), claudicação (doença vascular periférica), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), dor crônica, desnutrição grave, etc1. Outro fator importante e geralmente esquecido são os efeitos dos medicamentos os sedativos e os hipnóticos, ao causarem sonolência e ataxia, podem prejudicar a mobilidade. Os medicamentos antipsicóticos, especialmente os agentes do tipo fenotiazina, têm efeitos extrapiramidais e podem causar rigidez muscular e redução da mobilidade1.

Algumas classificações são consideradas para este tipo de restrição no leito, dentre estas classificações a mais aceita e difundida diz que um individuo que fica de 7 a 10 dias imobilizado no leito esteja em período de repouso, já indivíduos que ficam de 12 a 15 dias, já é considerado imobilização, sendo que a partir de 15 dias de restrição no leito, denomina-se decúbito de longa duração3.

Não podemos dizer que todo o paciente confinado ao leito tenha síndrome da imobilidade. A Síndrome da imobilidade é uma complicação da restrição total ao leito e o paciente é portador quando tem todas as características consideradas como critério maior e pelo menos duas do critério menor. O critério maior seria o déficit cognitivo médio a grave e múltiplas contraturas, o critério menor é considerado os sinais de sofrimento cutâneo ou úlcera de decúbito, disfagia leve a grave, dupla incontinência e afasia2.

O termo geral “descondicionamento” pode agrupar os diversos efeitos adversos da imobilidade e é definido como uma capacidade funcional reduzida tanto do sistema musculoesquelético como dos demais sistemas. Estudos realizados nas últimas décadas com pessoas normais e astronautas em condições de gravidade zero apontaram claramente as desvantagens do repouso prolongado no leito, demonstrando que, os efeitos indesejáveis sobrepujam os efeitos terapêuticos. Os idosos, assim como pessoas com doenças crônicas ou incapacitadas são mais suscetíveis aos efeitos deletérios da imobilidade4.

A imobilidade, como citada acima, pode ser causada por diversos fatores e se ocorrer de maneira prolongada pode ser responsável por diversas alterações em todos os órgãos e sistemas humanos.


SISTEMA TEGUMENTAR

A pele do idoso sofre alterações que são próprias do envelhecimento, como a perda da elasticidade, tornando-se mais susceptível a lesões quando o paciente está restrito ao leito2.

As lesões mais freqüentes de ocorrer no paciente acamado são as micoses, xeroses, lacerações, dermatite amoniacal e as úlceras de decúbito2.

As micoses ocorrem devido a umidade constante na superfície corporal causada por líquidos como urina e suor, e são porta de entrada para infecções bacterianas, principalmente em pacientes com Diabettes Melitus. Para prevenir deve manter uma higiene adequada, uma boa nutrição, exposição ao sol, uso de roupas porosas, controle de glicemia e não fazer uso de colchões com superfície plástica2.

Xerose é o ressecamento da pele causado pela diminuição das glândulas sudoríparas e que gera prurido. Para prevenção deve ser usado hidratante na pele2.

As lacerações ocorrem devido a pouca elasticidade da pele do idoso associado ao constante atrito sobre o leito2.

Dermatite Amoniacal são lesões causadas pelo contato da pele com a urina. Como método preventivo deve evitar usar fraldas em pacientes do sexo masculino, dar preferência ao coletor, e nas mulheres fazer uso de fraldas porem dar banho toda vez que troca-lás, para não deixar molhada de urina2.

As úlceras de decúbito são muito freqüentes nos idosos acamados, apresentando incidência de 10-20% e taxa de mortalidade de 70% ao ano. São desencadeadas por uma compressão com tempo maior que duas horas sobre uma área tecidual restrita, produzindo isquemia dos vasos sanguíneos, esta provocando anoxia, morte celular e inflamação em cadeia, levando a necrose tecidual2.


SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO

No sistema músculo-esquelético, as principais alterações que podem ser observadas dizem respeito a encurtamento, atrofia muscular, diminuição da área da fibra, número de sarcômeros em série e aumento de tecido conjuntivo, resultando em rápida rigidez muscular durante a primeira semana. Esse aumento de tecido conjuntivo forma uma barreira mecânica que dificulta o suprimento sangüíneo para as fibras musculares, provocando diminuição dos capilares para a fibra com conseqüente atrofia muscular e diminuição da força muscular. Além disso, a proliferação de tecido conjuntivo faz com que as fibras colágenas tenham contato mais íntimo umas com as outras, podendo estimular a formação de ligação cruzada anormal, o que resulta em perda da extensibilidade e aumento na rigidez tecidual5.

Como o processo da imobilidade ocorrem alterações articulares, como a diminuição da difusão do liquido sinovial e seus nutrientes para a cartilagem intra-articular, levando conseqüências como as contraturas que são definidas como “limitação da amplitude de movimento (ADM) a ponto de impedir um desempenho normal de sua função”. A imobilidade articular prolongada é o fator de risco mais reconhecido para o surgimento de artrofibrose.além de alterações na cartilagem articular como: fibrilação, esgarçamento, formação de cistos e perda das características de coloração da substância fundamental extracelular, graus variáveis de degeneração dos condrocitos, que causa a morte e necrose das células, proliferação da cartilagem nas bordas articulares, atrofia nas áreas responsáveis pela sustentação do peso e erbunação óssea regional, esclerose e reabsorção da cartilagem após 2 semanas de imobilização. Autores citam que de duas a três semanas de imobilização em posição de encurtamento ocorre proliferação de tecido conjuntivo, redução do comprimento da fibra muscular e atrofia muscular, o que resulta em redução da ADM quando a imobilização é removida5. As contraturas devem ser prevenidas com a movimentação ativa e passiva da articulação e o posicionamento no leito2.

No processo do envelhecimento fisiológico há redução de massa muscular, com a imobilidade este processo é mais intenso e acelerado. Nota-se uma perda maior em membros inferiores do que nos membros superiores. O número de unidades motora excitável (neurônio motor único mais o conjunto de fibras musculares por ele inervado) no músculo estriado diminui  acentuadamente, o que acarreta grande perda de fibras de contração rápida ( tipo II) e menor proporção de fibras lentas ( tipo I). A evolução da atrofia muscular pode ser medida através da eliminação na urina de nitrogênio e prevenida fazendo mobilização precoce e posicionamento no leito2. A imobilidade diminui a reserva de ATP, glicogênio e causa deficiência na utilização de ácidos graxos provocando fadiga precoce.

A imobilidade causa também aumento da fatigabilidade do músculo, como resultado da menor capacidade oxidativa. Evidências mostram menos número de mitocôndrias no músculo atrofiado e redução da atividade mitocondrial sete dias após a imobilização, o que acarreta uma redução na respiração celular e contribui para menor resistência (endurance) do músculo.

O estresse resulta em um ligamento mais rígido e mais resistente, ao passo que a inatividade produz uma estrutura mais fraca e mas complacente. As alterações dão origem a uma redução na força de tensão do ligamento e, portanto, reduzem sua capacidade de proporcionar estabilidade articular.

A falta de mobilidade leva a perda de massa óssea de forma rápida, podendo ser vista na densidometria óssea e pelo aumento da calciúria. Isto ocorre devida a falta de atividade muscular, falta de descarga de peso corporal, baixa ingestão de cálcio e falta de exposição solar2. observa-se um declínio na resistência elástica, o osso torna-se mais quebradiço e portanto mais susceptível as fraturas.Os prejuízos causados aos músculos com a imobilização, podem sem minimizados utilizando diversos recursos, como a eletroestimulação, a mobilização e o alongamento. A mobilização é importante para reorganização do tecido conjuntivo, promove alinhamento mais funcional da fibras colágenas, minimizando o surgimento de aderências após o período de imobilização. pesquisas confirmam que o alongamento previne a atrofia muscular, a proliferação de tecido conjuntivo, a perda de sarcômeros em série, além de ativar a síntese protéica e induzir hipertrofia e hiperplasia muscular5.


SISTEMA RESPIRATÓRIO

No sistema respiratório, evidencia-se redução de 25 a 50% do volume corrente, do volume-minuto, da capacidade respiratória máxima, da capacidade vital e da capacidade de reserva funcional, havendo ainda, redução da PaO2 e alterações na relação V/Q. As secreções da mucosa tendem a acumular e a tosse pode ser ineficaz por causa da piora da mobilidade ciliar e da fraqueza dos músculos abdominais1,3.

Uma explicação para a diminuição das capacidades é que o movimento diafragmático fica diminuído, há redução da excursão torácica, da amplitude de movimento das articulações costovertebrais e costocondrais, a respiração torna-se mais superficial. A mobilidade diafragmática reduzida, fraqueza dos músculos intercostais e função ciliar comprometida predispõem o individuo a infecções respiratórias e pneumonias hipostática2.

A pneumonia é a principal causa de morte em idosos acamados. A posição de supina faz com que favoreça o acumulo de liquido na base dos pulmões e este liquido serve de meio de cultura para bactérias que causarão a pneumonia hipostática2.


SISTEMA CARDIOVASCULAR

No sistema cardiovascular evidencia-se aumento da freqüência cardíaca (FC) máxima, redução do debito cardíaco e diminuição da utilização de oxigênio periférico causa declínio no consumo máximo de O2, redução do retorno venoso e consequentemente redução do volume de enchimento e do volume de ejeção.

Na SI, as contraturas dos MMII e a falta do efeito bomba dos músculos da panturrilha predispõe a estase venosa que associado a hipercoagulabilidade e lesões nas paredes dos vasos formando a tríade de Virchow facilita a formação de trombose venosa profunda2. Os sinais e sintomas são edema, hipersensibilidade, hiperemia difusa, distensão venosa e sinal de Homans.

A embolia pulmonar é responsável por 20% das mortes dos pacientes acamados e é conseqüência da trombose venosa profunda2.

A isquemia arterial aguda dos MMII é causada por uma obstrução ateromatosa da artéria tendo como manifestação um quadro insidioso de palidez do membro, dor intensa, hipotermia, ausência de pulso e por fim gangrena. As contraturas de joelho e quadril são uma das causas de fechamento da luz arterial e formação de trombos, levando a isquemia do membro2.

A diminuição da tolerância ao ortostatismo, ou seja, hipotensão ortostática, também compõe uma das conseqüências da imobilidade no sistema cardíaco. O paciente vai apresentar parestesia, tonturas, desmaios, vertigens, aumento da freqüência de pulso acima de 20 batimentos por minuto.


SISTEMA URINÁRIO

A grande maioria dos pacientes com SI são incontinentes, isto porque são geralmente portadores de demência avançada, tem dificuldade de comunicação e deambulação, são portadores de infecções urinarias crônicas, usam muitos fármacos e estão muito fragilizados2.

No sistema urinário devido a hipercalciúria e a fosfatúria podem provocar a formação de litíase renal levando a hemáturia e infecções do trato urinário. Além disso, devido a imobilidade ocorre comumente a estase urinaria, alem de ser comum a presença de incontinência urinária3.

Dados mostram que pacientes restritos ao leito têm 40% de incidência de infecção do trato urinário, sendo a infecção mais comum em pacientes institucionalizados. Os fatores que predispõe estas infecções são as incontinências urinárias, uso de fraldas geriátricas, obstrução uretral, baixa ingestão de líquidos, internação hospitalar, diminuição da IgA na parede vesical, diminuição da capacidade renal para acidificar a urina e manter a osmolaridade2. O enfraquecimento dos músculos abdominais, diminuição da incursão diafragmática e relaxamento incompleto do assoalho pélvico resultam em retenção urinária parcial.


SISTEMA DIGESTÓRIO

A imobilidade provoca perda de apetite, diminuição da velocidade de absorção dos alimentos e hipoproteinemia nutricional. Em decúbito dorsal, a passagem do alimento pelo esôfago, estomago e intestino fica lento. Os pacientes acamados podem apresentar fezes endurecidas e impactadas no sigmóide e reto, evoluindo para o fecaloma. O paciente cursa com desconforto abdominal, anorexia, vômitos e agitação psicomotora2,3.

Dos idosos com a SI 90% tem desnutrição, contra 14% dos idosos normais acima de 80 anos. Por este motivo os idosos com SI tem alta susceptibilidade as infecções e pouca resposta as vacinas de influenza e pneumonia pneumocócica1. A desnutrição e a caquexia podem ser causada por disfagia e uso de sondas, anorexia, seqüela de AVE, estados demenciais avançados, perda de olfato, visão e paladar, problemas odontológicos, constipação, fecaloma, diarréia, gastroparesia, má absorção intestinal, aumento do catabolismo, pneumopatias e cardiopatias, síndromes dolorosas, falta de pessoas para preparar e oferecer o alimento, etc2.







REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Jr AM.  Imobilidade, um sério problema para o idoso. Disponível em: http://. Acessado em: 05/03/2008.www.medicinageriatrica.com.br

2. LEDUC.S.M.M, Imobilidade e Síndrome da Imobilização In. Freitas EV et al Tratado de Geriatria e Gerontologia, 1º edição, Rio de Janeiro:  Guanabara Koogan, 2002, 645-653.

3. Bass BL. Conseqüências da Síndrome de imobilidade no leito. Disponível em: http://. Acessado em: 05/03/2008 www.interfisio.com.br

4. HALAR EM & BELL KR. Imobilidade. In:  DELISA JÁ et al. Tratado de Medicina de Reabilitação. Princípios e Prática. São Paulo: Manole, vol. 2,  3ª edição, 2002.1067-1087.

5. Appell HJ. Muscular atrophy following immobilization: a review. J Sports Med. 1990;10(1):42-58. In: Caierão QM. , Rosana MT, Minamoto VB. A influencia da imobilização sobre o tecido conjuntivo muscular:uma revisão. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 20, n. 3, p. 87-92, jul./set. 2007

6. Disponível em: <.http:// www.wgate.com.br/fisioweb>. Acessado em: 14/03/2008

                                                                                          * Publicado em 06/11/2008



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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

FISIO SIM.

A importância da fisioterapia na UTI Cláudia Fontão Costa1 Claudia.fon.tao@hotmail.com Dayana Priscila Maia Mejia2 Pós-graduação em Terapia Intensiva– Faculdade Ávila Resumo O presente artigo apresenta a importância da fisioterapia na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A fisioterapia aplicada na UTI tem uma visão geral do paciente, pois atua de maneira complexa no amplo gerenciamento do funcionamento do sistema respiratório e de todas as atividades correlacionadas com a otimização da função ventilatória. É fundamental que as vias aéreas estejam sem secreção e os músculos respiratórios funcionem adequadamente. A fisioterapia auxilia na manutenção das funções vitais de diversos sistemas corporais, pois atua na prevenção e/ou no tratamento das doenças cardiopulmonares, circulatórias e musculares, reduzindo assim a chance de possíveis complicações clínicas. Ela também atua na otimização (melhora) do suporte ventilatório, através da monitorização contínua dos gases que entram e saem dos pulmões e dos aparelhos que são utilizados para que os pacientes respirem melhor. O fisioterapeuta também possui o objetivo de trabalhar a força dos músculos, diminuir a retração de tendões e evitar os vícios posturais que podem provocar contraturas e úlceras de pressão. Palavras-chave: Fisioterapia; Unidade de Terapia Intensiva; Reabilitação. 1. Introdução De acordo com Norremberg e Vincent (2000), nas últimas décadas as unidades de terapia intensiva (UTIs) têm se tornado uma concentração não somente de pacientes críticos e de tecnologia avançada, mas também de uma equipe multiprofissional experiente com competências específicas. Segundo Stiller (2000), o profissional fisioterapeuta, como integrante desta equipe, necessita cada vez mais de aprimoramento e educação especializada para fazer frente ao avanço dos cuidados intensivos. Em países desenvolvidos, a função do fisioterapeuta depende de muitos fatores, como a própria característica da inserção da Fisioterapia em cada país, a tradição, o nível do curso de graduação, treinamento e competência. Embora existam poucos relatos na literatura sobre o perfil e a atuação profissional fisioterapêutica em UTIs, Norremberg e Vincent (2000) estudaram esse assunto em 17 países da Europa Ocidental e, apesar do número pequeno de respostas, constataram que havia diversidade quanto à função do fisioterapeuta e às técnicas empregadas. Outros estudos demonstraram que essas diferenças dependem também do número de profissionais fisioterapeutas exercendo funções (STILLER, 2000; JONES et al., 1992). Conforme assinala Vincent et al. (1997), no Brasil, embora os fisioterapeutas estejam cada vez mais presentes nas UTIs, sua atuação difere em cada instituição, não estando suas competências bem definidas. Diferentemente de outros profissionais, como médicos e enfermeiros que, tradicionalmente têm suas funções já consagradas devido à histórica existência, a fisioterapia é uma profissão que só recentemente foi reconhecida no Brasil. 1 Pós-graduanda em Terapia Intensiva. 2 Orientadora, Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito em Saúde. 2 Em nosso meio, a inserção do fisioterapeuta em UTI começou no final da década de 1970 e sua afirmação como integrante da equipe de assistência intensiva tem sido progressiva. Embora a aplicação das técnicas fisioterapêuticas se faça por profissionais da área e o processo educacional e de treinamento em terapia intensiva seja divulgado em todo o país, não se conhece a real inserção do fisioterapeuta nessa área de especialidade. Existem no Brasil mais de 1.500 unidades de terapia intensiva cadastradas na Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), com diferentes características e, possivelmente, com fisioterapeutas aí trabalhando. Porém, é difícil analisar as práticas assistenciais fisioterapêuticas e as responsabilidades assumidas por esse profissional sem dimensionar e caracterizar as condições da fisioterapia nas várias UTIs brasileiras. Assim, justifica-se a realização deste estudo sobre o fisioterapeuta que atua nesse ambiente hospitalar para que, com base em levantamento bibliográfico, possam ser postas em prática perspectivas quanto à profissionalização e à educação na área da Fisioterapia em Terapia Intensiva. O objetivo deste estudo foi estudar a importância dos fisioterapeutas que atuam nas unidades de terapia intensiva. 2. Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Segundo Faria (2010), a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) caracteriza-se como um local para o adequado tratamento dos indivíduos que possuem um distúrbio clínico importante. Neste local existe um sistema de monitorização contínua que permite o rápido tratamento para os pacientes graves ou que apresentam uma descompensação de um ou mais sistemas orgânicos. A equipe que atua e presta atendimento neste local é multiprofissional, e é constituída por: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas cardiorrespiratórios, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais. Para Caetano et al.(2007), os pacientes que necessitam de ajuda perante o quadro de instabilidade clínica por algum motivo de alteração no sistema orgânico, podendo ser pela presença de doenças, traumas e acidentes de várias existências, tendo como conseqüência a admissão hospitalar devido sua situação de sofrimento, precisando do atendimento médico imediato com acompanhamento da equipe hospitalar no qual a fisioterapia intensiva faz parte da mesma. Entre a maioria dos casos de doentes internados no hospital, tanto na Unidade de Terapia Intensiva quanto no Pronto Socorro, necessitam do atendimento preciso e qualificado devido estar debilitado e podendo sofrer várias complicações oportunas. Sendo assim, precisando de abordagens necessárias de reabilitação e cuidados que envolva a parte de todo o sistema corporal no qual gera a prevenção ou diminuição destas complicações e retarda a evolução de certas patologias que pode aumentar a gravidade deste indivíduo. Com isso é fundamental a presença do fisioterapeuta intensivista fazendo parte da equipe de terapia intensiva na UTI devido estar preparado através dos seus conhecimentos técnicos especializado na área de Terapia intensiva, para que aumenta a qualidade do tratamento, interação com a equipe médica, evitando acidentes pela falta orientação técnica, respeitando as normas da vigilância sanitária em relação ao índice de infecção hospitalar, visando sempre à melhora deste paciente crítico. Por esse motivo a grande importância deste profissional ter uma formação especifica qualificada para estar preparado e dedicado ao atendimento de Pacientes graves ou potencialmente graves internados na Unidade de Terapia Intensiva (SOUZA, 2010). Mesmo sendo um ambiente ideal para a assistência aos pacientes em situação grave, a Unidade de Terapia Intensiva é vista como um dos locais mais desagradáveis (VILA & ROSSI, 2009), tanto para o paciente quanto para a equipe responsável. 3 De acordo com a portaria nº 3432, 12 de agosto de 1998 do Ministério da Saúde, a UTI deve contar com equipe básica composta por: -um responsável técnico com título de especialista em medicina intensiva ou com habilitação em medicina intensiva pediátrica; -um médico diarista com título de especialista em medicina intensiva ou com habilitação em medicina intensiva pediátrica para cada dez leitos ou fração, nos turnos da manhã e da tarde; -um médico plantonista exclusivo para até dez pacientes ou fração; -um enfermeiro coordenador, exclusivo da unidade, responsável pela área de enfermagem; -um enfermeiro, exclusivo da unidade, para cada dez leitos ou fração, por turno de trabalho; -um fisioterapeuta para cada dez leitos ou fração no turno da manhã e da tarde; -um auxiliar ou técnico de enfermagem para cada dois leitos ou fração, por turno de trabalho; -um funcionário exclusivo responsável pelo serviço de limpeza; -acesso a cirurgião geral (ou pediátrico), torácico, cardiovascular, neurocirurgião e ortopedista. Com vista ao alcance da qualidade no atendimento em UTI, "(...) se faz necessária uma reflexão das ações realizadas no cotidiano, e consequentemente, mais preparo dos profissionais, não só sob o aspecto teórico e técnico, mas também, voltada à transformação da assistência numa perspectiva mais humanitária" (CAETANO et al., 2009, p. 325). Além disso, é relevante observar "(...) até que ponto o progresso tecnológico como se verifica hoje é 'saudável' e promove o crescimento e a harmonização das pessoas" (IDEM). Ou seja, é preciso refletir que, embora o avanço tecnológico e o seu preparo sejam necessários para que o tratamento seja satisfatório, ele não deve esquecer da essência inerente àqueles que fazem parte deste processo. 3. Fisioterapia na UTI Segundo Hammon (2003), nas últimas décadas as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) têm se tornado uma concentração não somente de pacientes críticos e de tecnologia avançada, mas também de uma equipe multiprofissional experiente com competências específicas. A inserção do fisioterapeuta em UTI começou no final da década de 70 e sua afirmação como membro integrante da equipe de assistência intensiva tem sido progressiva. O profissional fisioterapeuta, como membro integrante desta equipe, necessita cada vez mais de aprimoramento e educação especializada para fazer frente ao avanço dos cuidados intensivos e, sem dúvida, formam uma importante parte da equipe da UTI. Para Gonçalves (2004), o fisioterapeuta intensivista tem uma visão geral do paciente e tem a atividade de, continuamente, avaliar as funções fisiológicas de um paciente em tempo real, com a finalidade de orientar a terapia a ser aplicada e/ou observar a resposta a um tratamento. É o profissional responsável pelo diagnóstico fisioterapêutico através da avaliação físicofuncional. A fisioterapia auxilia na manutenção das funções vitais de diversos sistemas corporais, pois atua na prevenção e/ou no tratamento das doenças cardiopulmonares, circulatórias e musculares, reduzindo assim a chance de possíveis complicações clínicas. É de importância fundamental em pacientes graves devido a maior vulnerabilidade e complicações súbitas. De acordo comSarmento (2007), dentre as funções exercidas na UTI está a atuação de maneira complexa no gerenciamento do funcionamento do sistema respiratório e de todas as atividades correlacionadas com a otimização da função ventilatória, como a monitorização contínua dos gases respiratórios e dos aparelhos utilizados como suporte ventilatório. É de fundamental importância a manutenção e recuperação da função pulmonar, através de técnicas e exercícios respiratório específicos para garantir vias aéreas pérvias e expandidas, evitando assim o acúmulo de secreção e prevenindo complicações respiratórias. Podem atuar também, em conjunto com o intensivista, no ajuste da ventilação mecânica, supervisão do 4 desmame da ventilação mecânica, extubação e implementação e supervisão da ventilação mecânica não-invasiva. O fisioterapeuta também possui o objetivo de trabalhar a manutenção dos músculos, tanto esqueléticos como respiratórios com técnicas de treinamento muscular, diminuir a retração de tendões e evitar os vícios posturais e imobilidade que podem provocar contraturas e úlceras de pressão. Para isso o profissional utiliza técnicas, recursos e exercícios terapêuticos em diferentes fases do tratamento e de acordo com as condições clínicas e necessidades do paciente, para alcançar uma melhor efetividade do tratamento. Além disso, a reabilitação pode auxiliar no desenvolvimento de um sentimento de independência, estabelecer responsabilidade de auto-ajuda e melhorar a auto-estima. A fisioterapia tem o papel de potencializar o caminho da humanização e projetar uma nova sociabilidade futura (PRESTO & PRESTO, 2003). Considerando que o trabalho intensivo dos fisioterapeutas diminui o risco de complicações e infecções hospitalares, há a redução do sofrimento dos pacientes e, consequentemente, permite a liberação mais rápida e segura das vagas dos leitos hospitalares. Diante disso, a atuação do fisioterapeuta especialista nas UTI implica em benefícios principalmente para os pacientes, mas também para o custo com a saúde em geral. 4. A importância do fisioterapeuta na UTI Sarmento (2007) assinala que a fisioterapia aplicada na UTI tem uma visão geral do paciente, pois atua de maneira complexa no amplo gerenciamento do funcionamento do sistema respiratório e de todas as atividades correlacionadas com a otimização da função ventilatória. É fundamental que as vias aéreas estejam sem secreção e os músculos respiratórios funcionem adequadamente. A fisioterapia auxilia na manutenção das funções vitais de diversos sistemas corporais, pois atua na prevenção e/ou no tratamento das doenças cardiopulmonares, circulatórias e musculares, reduzindo assim a chance de possíveis complicações clínicas. Ela também atua na otimização (melhora) do suporte ventilatório, através da monitorização contínua dos gases que entram e saem dos pulmões e dos aparelhos que são utilizados para que os pacientes respirem melhor. O fisioterapeuta também possui o objetivo de trabalhar a força dos músculos, diminuir a retração de tendões e evitar os vícios posturais que podem provocar contraturas e úlceras de pressão, conforme ilustra a figura 1 e 2. Fonte: Sarmento, 2007. Figura 1: Trabalho do fisioterapeuta em UTI. 5 Fonte: Sarmento, 2007. Figura 2: Exercícios realizados pelo fisioterapeuta em UTI Atualmente são reconhecidas como intervenções competentes ao Fisioterapeuta Intensivista,de acordo com Borges et al.(2009): - Assistência Ventilatória: Oxigenoterapia, Assistência Ventilatória Mecânica Não-Invasiva, Assistência Ventilatória Mecânica Invasiva, Desame Ventilatório, Manobras de Higienização Brônquica, Manobras de Reexpansão Pulmonar, aspiração traqueal, atuação específica em Parada-Cárdio-Respiratória, atuação específica no transporte intra-hospitalar e extrahospitalar, Atendimento emergencial; além das condutas de tratamento cinesio-funconais, que são secundárias em um paciente crítico, devido às prioridades de tratamento impostas à sua condição. A considerar que o trabalho do Profissional em Fisioterapia Intensiva tem se mostrado eficiente no combate aos riscos de complicações e sofrimento à estes pacientes críticos, podese afirmar que a atuação do Fisioterapeuta Especialista em UTI, implica não somente em benefícios àquele que necessita de sua atenção, mas sim, para a saúde pública como um todo. Como produto deste reconhecimento, no ano de 2011, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) reconheceu a Fisioterapia em Terapia Intensiva como especialidade do profissional fisioterapeuta através da RESOLUÇÃO COFFITO Nº 392, de 04 de outubro de 2011; firmando de vez a importância deste profissional junto à equipe multiprofissional na atenção à saúde de pacientes criticamente enfermos nas Unidades de Tratamento Intensivo no Brasil. A função que o fisioterapeuta exerce na Unidade de Terapia Intensiva varia consideravelmente de uma unidade a outra, dependendo do país, da instituição, do nível de treinamento e da situação do paciente. Em alguns países ou instituições o fisioterapeuta tem a responsabilidade de avaliar todos os pacientes em Unidades de Terapia Intensiva, sendo que, em outros locais, participam da equipe de cuidados quando o médico responsável solicita sua participação (STILLER, 2000). 4.1 Recursos utilizados pelo fisioterapeuta nas UTIs Segundo Borges et al. (2009), o fisioterapeuta utiliza técnicas, recursos e exercícios terapeuticos em diferentes fases do tratamento, sendo necessário para alcançar uma melhor 6 efetividade a aplicação do conhecimento e das condições clínicas do paciente. Assim, um plano de tratamento condizente é organizado e aplicado de acordo com as necessidades atuais dos pacientes, como o posicionamento no leito, técnicas de facilitação da remoção de secreções pulmonares, técnicas de reexpansão pulmonar,técnicas de treinamento muscular, aplicação de métodos de ventilação não invasiva, exercícios respiratórios e músculoesqueléticos, de acordo com a figura 3. Fonte: Borges et al., 2009.. Figura 3: Fisioterapia respiratória. 4.2 Vantagens de ter o fisioterapeuta na equipe multidisciplinar da UTI Segundo Feltrim (2002), a presença do especialista em fisioterapia cardiorrespiratória é uma das recomendações básicas de todas as UTIs. O trabalho intensivo dos fisioterapeutas diminui o risco de complicações do quadro respiratório, reduz o sofrimento dos pacientes e permite a liberação mais rápida e segura das vagas dos leitos hospitalares. A atuação profissional também diminuiu os riscos de infecção hospitalar e das vias respiratórias, proporcionando uma economia nos recursos financeiros que seriam usados na compra de antibióticos e outros medicamentos de alto custo. Diante disso, a atuação do fisioterapeuta especialista nas UTIs implica em benefícios principalmente para os pacientes, mas também para o custo com a saúde num geral. 4.3 Atribuições do Fisioterapeuta Intensivista (FI) De acordo com Feltrim (2002), o fisioterapeuta intensivista (FI) é profissional que se dedica ao atendimento do paciente crítico, efetuando diagnósticos e terapias cinesio-funcionais. Sua importância é reconhecida na Portaria do MS a qual prevê sua obrigatoriedade em regime exclusivo de 12 horas nas UTIs. É sua função elaborar o prontuário fisioterapêutico com os diagnósticos e tratamentos funcionais e finalização de alta. Como agente promotor da fisioterapia, deve ser o coordenador dos procedimentos fisioterapêuticos, orientado os componentes das Unidades, sobretudo auxiliares, e sendo o realizador principal dessa atividade. Titulação- No âmbito de complexidade, a fisioterapia participa do processo na sua integridade o que exige formação específica e competente, impondo-se critérios de Titulação. Formação e Titulação: As tendências atuais levam a duas formas de titulação direta emitida através do Conselho de Fisioterapia, ou seja, a de especialização em CF-AFIB ou profissionais que comprovem até 2003 5 anos de atuação em UTI. Objetivos da especialização em FI: 7 - Capacitar o fisioterapeuta a utilizar os modernos recursos diagnósticos cinesiológicos funcionais e fisioterapêuticos na prática clínica da Fisioterapia Intensiva; - Aprofundar os conhecimentos do fisioterapeuta quanto à administração do Processo Fisioterapêutico, englobando os aspectos diagnósticos, prognósticos e intervencionistas, considerando as ações sinérgicas e cinéticas dos órgãos e sistemas humanos; - Capacitar os fisioterapeutas á resolução de intercorrências relacionadas à prática fisioterapêutica; - Aperfeiçoar o nível de assistência prestada por fisioterapeutas no âmbito da Fisioterapia Intensiva; - Favorecer o desenvolvimento da formação científica no campo da Fisioterapia Intensiva, e - Formar especialistas designados fisioterapeutas intensivista para abrangência proporcional mercadológica do crescimento nacional das UTIS É de caráter obrigatório que todos profissionais sejam submetidos a aprovação do SAFI e recomenda-se o ACLS Advanced Cardiologic Life Support para ser portador do título de especialista em FI. O FI tem a necessidade de conhecer a clinica e as manifestações das doenças nos diversos sistemas para poder interagir melhor no atendimento fisioterapêutico. Atuação Específica : a. Parada-Cárdio-Respiratória : Os procedimentos fisioterapêuticos intensivos podem favorecer fatores que induzam a arritmias. Portanto o fisioterapeuta deve em situações emergenciais iniciar as manobras de reanimação pertinentes incluindo ABCD primário e, na ausência do médico e caracterizada a urgência-emergência, efetuar o A secundário ( intubação orotraqueal ) desde esteja habilitado ( portador do ACLS e Título ). Assistência Ventilatória : refere-se a indicação, acompanhamento e técnica de desmame com avaliação dos principais índices respiratórios como Tobim e PaO2/Fio2. Na prática é essencial a utilização dos ventilômetros, manovacuômetros, e insentivadores; b. Transporte intra-hospitalar: deve ser de rotina o acompanhamento do FI no transporte de pacientes dependentes de oxigênio ou ventiladores para exames como tomografia computadorizada e ressonâncias, onde com ventiladores microprocessados de transporte com MICROTAK podem ser de extrema importância em pacientes dependentes de modos ventilatórios volumétricos e peep; c. Atendimento emergencial – pronto socorro Diretrizes curriculares básicas para formação do FI: O projeto pedagógico destinado a formação do FI inclui sua atividade de formação exclusiva no ambiente UTI, com carga horária mínima de 1600 horas, e mínimo de 13 meses, em Unidades que permitam 2 leito / especializando e possuam alto grau de complexidade. Curricularmente inclui nas suas disciplinas: 1. Fisioterapia Pneumo-Funcional Intensiva; 2. Fisioterapia Neuro-Funcional Intensiva; 3. Assistência Ventilatória; 4. Exames Complementares em UTI; 5. Fisioterapia Cárdio-Vascular Intensiva; 6. Fisioterapia Músculo-esquelética; 7. Fisioterapia Nefrológica Intensiva; Atuação do FI: Assistência Ventilatória: Inclui a oxigenoterapia e Ventilação mecânica. a) Oxigenioterapia: impregada através de catéter, máscara ou ventilação mecânica, deve indicada e acompanhadas através de avaliações gasométricas diárias. 8 b) Ventilação Mecânica: - avaliação de força e condição muscular global ( exame físico; perimetria muscular; manovacuometro e ventilometro para musculatura. Monitorização gráfica em pacientes em VM. - Estratégia protetora - SARA - DPOC - AVC - TCE - VMNI - Desmame Ventilatória Manobras de Higiene brônquica Intensivas a) Técnica de Expiração Forçada ( TEF ) b) Técnica de Vibração c) Percussão d) Drenagem Postural e) Reexpansão pulmonar f) Aspiração traqueal Manobras Motoras Intensivas : Reabilitação da musculatura em pacientes inconscientes e conscientes sem estímulos voluntários através de eletroestimulação (FES), cinesioterapia. Atuação em Escaras de Decubito através de posicionamento, uso de laser terapêutico e manipulação miofascial (quando instalada a lesão). Indicações de Orteses para minimização de distúrbios ostio-articulares. a) Mobilização ativa b) Mobilização passiva c) Posicionamento intermitente d) Avaliação da Monitorização Neurológica ( PIC – PPC ). Análise dos Exames Complementares: Conhecimento necessário para interpretar os exames de rotina em UTI (gasometrias, Radiologias Tórax, Tomografias, Eletrocardiograma, etc). Interação Medicamentosa: Interações das principais drogas usadas pela parte médica nos pacientes e suas implicações no atendimento fisioterapêutico. Humanização: compromisso ético com o familiar e paciente, retratando o atendimento fisioterapêutico e minimizando o sofrimento e melhorar sua condição psico-físico-social. Atuação na equipe multidisciplinar: auxilia e interage com outros profissionais evidenciando as indicações e contra indicações de suas condutas fisioterapêuticas estabelecendo prioridades em suas intervenções. Atuação na analgesia: Analgesia muscular (Termoterapia, Crioterapia, Eletroanalgesia) e indicação da sedação, analgesia ou curarização para procedimento fisioterapêutico ou assistência-ventilatória. Prontuário Fisioterapêutico na Uti: - Dados do paciente; - Admissão; - História Clínica; - Exame Físico Geral; - Exame físico Especial ( Sistemas ); - Hipótese Diagnóstica Fisioterapêutica cinesiológica; - Tratamento fisioterapêutico funcional. 9 5. Metodologia Esta pesquisa se caracterizou por ser bibliográfica de cunho explicativo, onde foi desenvolvida a partir de material já elaborado e publicado, constituído principalmente de revistas especializadas em fisioterapia e artigos científicos. A revisão literária enquanto pesquisa bibliográfica tem por função justificar os objetivos e contribuir para própria pesquisa. E a pesquisa bibliográfica consiste no exame desse manancial, para levantamento e análise do que já produziu sobre determinado assunto que assumimos como tema de pesquisa científica (LAKATOS & MARCONI, 2010). Utilizou-se a base de dados Medline, Pubmed, Scielo, Lilacs e Biblioteca Cochrane com artigos publicados no período de 1990 a 2010, no idioma português e inglês.. Os descritores adotados foram: fisioterapia, uti, reabilitação. 6. Resultados e Discussão Unidade de Terapia Intensiva (UTI) caracteriza-se como um local para o adequado tratamento de indivíduos acometidos por distúrbio ou instabilidade clínica e o com potencial de gravidade importante (CAETANO et al., 2007). Feltrim (2002) salienta que esta unidade terapêutica é um ambiente de alta complexidade destinada a pacientes em estado crítico que apresentam descompensação de um ou mais sistemas orgânicos que necessitam de um rigoroso sistema de monitorização contínua e ao mesmo tempo permite que os mesmos recebam uma rápida abordagem terapêutica. Para Hammon (2003), a equipe que atua e presta atendimento neste local é multiprofissional, e é constituída por: médicos, enfermeiros, fisioterapeuta intensivista, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais. Sarmento (2007) acentua que a fisioterapia está cada vez mais atuante em unidades de terapia intensiva, sendo realizada por meio de diversificadas técnicas. Por ser uma terapia criteriosa, deve ser cuidadosamente aplicada, para que se obtenha um resultado satisfatório. Na maioria dos hospitais dos países desenvolvidos, a fisioterapia é parte integral do manejo dos pacientes internados em UTI. Dentre as várias técnicas usadas pelos fisioterapeutas na UTI, as mais comuns são: drenagem postural, mobilização, vibração, percussão, hiperinsuflação manual, ASP e vários exercícios respiratórios, sendo rotineiramente utilizada a combinação dessas técnicas, buscando observar a condição fisiopatológica subjacente do paciente, com a intenção de impedir complicações pulmonares. A fisioterapia respiratória em UTI envolve um grande número de técnicas associadas às modalidades de Ventilação Mecânica. Em particular as manobras de higiene brônquica correspondem a um conjunto de técnicas para garantir a viabilidade das vias aéreas, promovendo condições para uma adequada ventilação e prevenção de infecções respiratórias (FELTRIM, 2002). As sessões de fisioterapia reduzem em até 40% o tempo de permanência do paciente internado em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), quando aplicadas sem interrupções nas 24 horas do dia. A redução de complicações com a melhora do paciente deve-se ao tratamento noturno. O procedimento garante a limpeza contínua dos pulmões, permite a extubação (retirada do tubo traqueal) no período noturno, reduz a agressão mecânica e propicia recuperação pulmonar mais rápida. A expansão dos serviços reduz o sofrimento do paciente, permite a liberação mais rápida e segura dos leitos, com o conseqüente aumento do número de vagas disponíveis, diminui os riscos de infecção hospitalar e propicia economia de recursos financeiros. Neste contexto o fisioterapeuta intensivista desempenha um papel importantíssimo, pois é dele a responsabilidade, de uma visão complexa e geral do paciente, ou seja, ele detém amplo conhecimento e prática do funcionamento do sistema respiratório, bem como, de todas as 10 atividades que se correlacionem com a otimização ventilatória do individuo internado na UTI (SARMEENTO, 2007). O papel principal do fisioterapeuta intensivista é auxiliar na manutenção das funções vitais de diversos sistemas corporais, pois é atuante tanto na prevenção e/ou no tratamento das doenças cardiopulmonares, circulatórias e musculares, reduzindo assim o índice de possíveis complicações clínicas. Também atua na melhora do suporte ventilatório, através da monitorização contínua dos gases que entram e saem dos pulmões, respectivamente, PaO2 e PaCO2, ajustes nos respiradores artificiais para adequar o paciente a uma ventilação mais “fisiológica” quando este é submetido à ventilação mecânica invasiva. O fisioterapeuta também possui o objetivo de trabalhar a força muscular acometida, diminuir a retração de tendões e evitar os vícios posturais que podem provocar contraturas e úlceras de pressão no ambiente de terapia intensiva (JONES et al., 1992). Para Faria (2010), o intensivista no ambiente de terapia intensiva, conta com auxilio de diversas técnicas e recursos terapêuticos que podem ser aplicados em diversas fases do tratamento e de acordo com a clínica do paciente que no ambiente de UTI são mais suscetíveis as patologias do trato respiratório. Dentre eles podemos citar: técnicas de higiene e desobstrução brônquicas pulmonares: Drenagem postural, vibrocompressão, tosse dirigida, glossopulsão retrógrada (lactentes), aumento do fluxo expiratório (AFE), técnica de expiração forçada, drenagem autógena, expiração lenta total com a glote aberta (ELTGOL), e em casos de pacientes que não conseguem tossir ou expelir naturalmente o acúmulo de secreção pulmonar é realizada a aspiração traqueobrônquica seja através de tubo orotraqueal e traqueostomia ou nasotraqueal e orotraqueal. Técnicas de expansão pulmonar: exercícios diafragmáticos, reequilíbrio toraco-abdominal, inspiração profunda, inspiração em tempos com ou sem pausa inspiratória, exercícios de expansão torácica localizada, espirometria de incentivo, instituição de ventilação mecânica não-invasiva através de respiração com pressão positiva dentre elas RPPI, CPAP e Bi-level, técnica esta que promove conforto para o paciente, redução do trabalho respiratório, melhora nas trocas gasosas e aumento de volumes e capacidades pulmonares quando aplicada de forma correta. Segundo Norrenberg e Vncent (2000), cabe ao profissional intensivista também o uso de manobras ventilatórias como as de compressão e descompressão torácica e direcionamento de fluxo aéreo, orientações quanto aos exercícios respiratórios e músculos-esqueléticos, utilização de instrumentos que auxiliam nestas terapêuticas como: Respiron, EPAP, Shaker/Flutter, Threshold e implementação da oxigenoterapia empregada através de cateter nasal ou máscaras faciais que é indicada e acompanhada através de avaliações gasométricas diárias. Monitorização gráfica em pacientes em VMI observando a necessidade e clínica dos pacientes para a necessidade de mudança dos parâmetros ventilatórios e para avaliação da extubação (retirada do tubo orotraqueal e interrupção da ventilação mecânica) ou desmame do suporte ventilatório. Neste contexto, as vantagens de se ter um fisioterapeuta especialista em terapia intensiva em sua equipe multidisciplinar: É de suma importância, visto que se evidencia a redução de complicações do quadro respiratório e muscular, redução do sofrimento dos pacientes, permite a liberação mais precoce dos pacientes e assegura vagas dos leitos hospitalares (NORRENBERG & VINCENT,2000; SARMENTO, 2007). A atuação profissional também reduz de forma significativa os riscos de infecção hospitalar e das vias aéreas respiratórias, proporciona economia nos recursos financeiros que seriam usados na compra de antibióticos e outros medicamentos de alto custo. Diante disso, a atuação do fisioterapeuta especialista nas unidades de terapia intensiva implica em benefícios principalmente para os pacientes, mas também para o custo com a saúde de forma geral. 11 7. Conclusão Nas últimas décadas as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) têm se tornado uma concentração não somente de pacientes críticos e de tecnologia avançada, mas também de uma equipe multiprofissional experiente com competências específicas. A inserção do fisioterapeuta em UTI começou no final da década de 70 e sua afirmação como membro integrante da equipe de assistência intensiva tem sido progressiva. O profissional fisioterapeuta, como membro integrante desta equipe, necessita cada vez mais de aprimoramento e educação especializada para fazer frente ao avanço dos cuidados intensivos e, sem dúvida, formam uma importante parte da equipe da UTI. O fisioterapeuta intensivista tem uma visão geral do paciente e tem a atividade de, continuamente, avaliar as funções fisiológicas de um paciente em tempo real, com a finalidade de orientar a terapia a ser aplicada e/ou observar a resposta a um tratamento. É o profissional responsável pelo diagnóstico fisioterapêutico através da avaliação físicofuncional. A fisioterapia auxilia na manutenção das funções vitais de diversos sistemas corporais, pois atua na prevenção e/ou no tratamento das doenças cardiopulmonares, circulatórias e musculares, reduzindo assim a chance de possíveis complicações clínicas. É de importância fundamental em pacientes graves devido a maior vulnerabilidade e complicações súbitas. Dentre as funções exercidas na UTI está a atuação de maneira complexa no gerenciamento do funcionamento do sistema respiratório e de todas as atividades correlacionadas com a otimização da função ventilatória, como a monitorização contínua dos gases respiratórios e dos aparelhos utilizados como suporte ventilatório. É de fundamental importância a manutenção e recuperação da função pulmonar, através de técnicas e exercícios respiratório específicos para garantir vias aéreas pérvias e expandidas, evitando assim o acúmulo de secreção e prevenindo complicações respiratórias. Podem atuar também, em conjunto com o intensivista, no ajuste da ventilação mecânica, supervisão do desmame da ventilação mecânica, extubação e implementação e supervisão da ventilação mecânica não-invasiva. O fisioterapeuta também possui o objetivo de trabalhar a manutenção dos músculos, tanto esqueléticos como respiratórios com técnicas de treinamento muscular, diminuir a retração de tendões e evitar os vícios posturais e imobilidade que podem provocar contraturas e úlceras de pressão. Para isso o profissional utiliza técnicas, recursos e exercícios terapêuticos em diferentes fases do tratamento e de acordo com as condições clínicas e necessidades do paciente, para alcançar uma melhor efetividade do tratamento. Além disso, a reabilitação pode auxiliar no desenvolvimento de um sentimento de independência, estabelecer responsabilidade de autoajuda e melhorar a auto-estima. A fisioterapia tem o papel de potencializar o caminho da humanização e projetar uma nova sociabilidade futura. Considerando que o trabalho intensivo dos fisioterapeutas diminui o risco de complicações e infecções hospitalares, há a redução do sofrimento dos pacientes e, consequentemente, permite a liberação mais rápida e segura das vagas dos leitos hospitalares. Diante disso, a atuação do fisioterapeuta especialista nas UTI implica em benefícios principalmente para os pacientes, mas também para o custo com a saúde em geral. 12 Referências BRASIL,Ministério da saúde portaria nº 3432 12 de agosto de 1998 –em vigor. Estabelecimentos de critérios de Classificação para as Unidades de Tratamento Intensivo – UTI. Disponível em: http://www.amib.com.br/paginasdinamicas/controller?command=MontarPagina&id_pag=109 .Acesso em: 20 out. 2012. CAETANO, J. A; SOARES, E; ANDRADE, L. M; PONTE, R. M. Cuidado em terapia intensiva: um estudo reflexivo. Escola Anna Nery. Revista de Enfermagem, v. 11, p.325- 330, 2007. Disponível em < http://www.portalbvsenf.eerp > Acesso em: 21 out. 2012. FARIA, C. Unidade de Terapia intensiva. (2010) Disponível em: Acesso em: 20 out. 2012. FELTRIM, M.I.F. Atuação da Fisioterapia em Unidade de Terapia Intensiva. [periódico on line] ASOBRAFIR, 2002. Disponível em: www.sobrafir.com.br. Acesso em:20 out. 2012. GONÇALVES, C. Repercussões da fisioterapia motora sobre a função respiratória de pacientes acamados. Rev Bras Fisioterapia. 2004 set 154. HAMMON, W.E. Fisioterapia no paciente em quadro agudo na unidade de terapia intensiva respiratória. 3ª ed. São Paulo: Manole; 2003. JONES AYM, HUTCHINSON RC, OH TE. 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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A IMPORTÂNCIA DO FISIOTERAPEUTA NO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Maria Madalena da Costa Glinardello

Resumo


A visão restrita da fisioterapia como apenas uma intervençãocurativa é o que vem dificultando a sua inclusão na saúde pública.Estamos à porta de grandes mudanças no SUS, para que essasmudanças sejam satisfatórias também se faz necessário a inclusãodo profissional fisioterapeuta na equipe multidisciplinar, tendocomo objetivos a prevenção, preservação e recuperação da saúde.A inserção do Fisioterapeuta nos serviços de atenção primária àsaúde é um processo em construção. Neste contexto, verificamos aimportância da inserção do mesmo como um agente multiplicadorde saúde, atuando no desenvolvimento de suas atividades cominteração de uma equipe de multiprofissionais, nas Unidadesde Saúde da Família. Como alunos da disciplina Saúde Públicasentimos a necessidade de esclarecer a importância da atuação dofisioterapeuta no Programa de Saúde da Família. Este estudo tratasede uma revisão bibliográfica e para tal realizou-se pesquisa emartigos relacionados com fisioterapia na atenção básica/domiciliare Programa de Saúde da Família (PSF). A garantia de saúde paratodos está diretamente relacionada com a inclusão de todos osprofissionais da área da saúde. Portanto, a fisioterapia se tornanecessária para que se possa obter um sistema de saúde universal,a prevenção de doenças, a educação e a participação popular.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A importância da fisioterapia na terceira idade

Artigo por Daniele Gorski Medeiros - quarta-feira, 20 de agosto de 2014
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O envelhecimento traz conquistas afetivas, emocionais e materiais
O envelhecimento traz conquistas afetivas, emocionais e materiais
O envelhecimento traz conquistas afetivas, emocionais e materiais. Mas traz também, consequências como a perda da sensibilidade, do controle sobre os movimentos e suas aplicações em atividades diárias básicas como alimentar-se e vestir-se.


O tratamento fisioterapêutico pode ser necessário em qualquer fase da vida, porém na Terceira Idade tem uma importância maior, não só de tratamento, mas como de prevenção.


Um exemplo de prevenção seria evitar as posturas viciosas, que dificultam as atividades diárias do idoso, ocasionando encurtamentos musculares e dores; neste caso, a aplicação do tratamento fisioterapêutico através de alongamentos globais, fortalecimento da musculatura enfraquecida e com trabalho de marcha, melhoraria a postura e preservaria as articulações. 


Há também, algumas patologias comuns em idosos, como a cervicalgia (dor na região cervical) e a lombalgia (dor na região lombar) que afeta 45% dos pacientes acima de 65 anos. Para esses pacientes, a fisioterapia tem importante papel no tratamento analgésico e anti-inflamatório, favorecendo assim, o menor uso de medicamentos e diminuindo as crises agudas dessas patologias.


Portanto, podemos afirmar que, a Fisioterapia na Terceira Idade apresenta diversos benefícios, dentre eles, podemos destacar: o envelhecimento com qualidade de vida, o aumento da força muscular, a melhora notável em sua capacidade de locomoção e equilíbrio, bem como a coordenação dessas funções. Também garante, para os idosos, a independência e o conforto na realização das suas AVD’s (atividades diárias).


Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado 
http://www.portaleducacao.com.br/fisioterapia/artigos/57872/a-importancia-da-fisioterapia-na-terceira-idade#ixzz3kgX1E4AV

quarta-feira, 2 de setembro de 2015


PÉS DIABÉTICOS.

Introdução

O fisioterapeuta é o profissional da área de saúde que presta serviços a pessoas e populações com a intenção de desenvolver, manter e restaurar o movimento e a capacidade funcional do indivíduo durante toda a sua vida. Atua na promoção de saúde, prevenção, cura ou reabilitação de portadores de disfunções orgânicas, agudas ou crônicas, que podem comprometer a capacidade de realizar trabalho físico, lazer ou autocuidado. Desta forma, pode também atuar em conjunto com uma equipe multidisciplinar no tratamento e na prevenção do Diabetes mellitus. Este trabalho da fisioterapia ocorre em duas frentes: reabilitação cardíaca/prescrição de exercícios e no pé diabético. O presente artigo vai se ater na atuação fisioterapêutica no pé diabético.
Sabemos que a exposição crônica dos tecidos à hiperglicemia pode levar a distúrbios vasculares que podem culminar nas lesões e ulcerações do pé diabético. Devido à diminuição da sensibilidade térmica e dolorosa, o paciente diabético não percebe ações traumáticas externas, como arranhões, unhas encravadas, e fissuras na pele, muitas vezes causadas por sapatos novos ou apertados. A ocorrência das complicações crônicas constitui ainda um agravante na saúde pública, pelo fato de o diabetes ser a causa mais freqüente de amputação de membros inferiores e de insuficiência vascular periférica.

Avaliação fisioterapêutica

O fisioterapeuta deve proceder com uma avaliação cuidadosa dos principais sintomas do diabetes na prática clínica, tais como:
  • Avaliação postural: o fisioterapeuta deve avaliar o apoio dos pés no chão, percebendo se há algum ponto de maior pressão, se os pés são cavos ou planos (aumento ou diminuição do arco plantar) se há joanete ou desvio de dedos, se existe desabamento de arco plantar ou alguma deformidade que altere a biomecânica dos pés durante a marcha;
  • Presença de vasculopatias e neuropatias periféricas;
  • Presença de lesões e ulcerações pré-existentes;
  • Avaliação da sensibilidade térmica (através do gelo e calor), dolorosa e tátil (uso do estesiômetro) e dos reflexos osteo-tendinosos;
  • Análise da força muscular de membros inferiores e do trofismo, através de testes manuais de força;
  • Análise do equilíbrio e da marcha: verificar a marcha do paciente se é normal ou claudicante (que pode indicar maior comprometimento dos pés), o ritmo e o tamanho dos passos e a velocidade com que se caminha.

Tratamento fisioterapêutico

O tratamento preventivo objetiva impedir o aparecimento de lesões e ulcerações nos pés através de orientações ao paciente que são as seguintes:
  • Orientar inspeção diária dos pés, procurando por lesões, bolhas, sangramentos ou feridas que não cicatrizam;
  • Orientar a inspeção dos calçados antes de usá-los, procurando por costuras abertas, pedrinhas ou ciscos, que possam vir a lesionar os pés;
  • Orientar alongamentos e fortalecimentos da musculatura de membros inferiores, pois uma musculatura forte leva a uma marcha melhor, minimizando o risco de tropeços, quedas e fraturas. Aqui podemos incluir também o fortalecimento da musculatura intrínseca dos pés (FOTO 1);
  • Orientar a compra de calçados adequados: não devem apertar o pé, não devem ter costuras, de preferência deve ser comprado à tarde (quando o pé está mais inchado), evitar o uso de sandálias (devido a maior exposição do pé). Já existem no mercado vários sapatos específicos para diabéticos;
  • Indicação de palmilhas corretivas ou de posicionamento dos pés, quando verificamos a ocorrência de um pé muito plano ou muito cavo, que apresentam riscos de lesões devido à hiperpressão;
  • Se necessário, indicação de uma bengala ou andador como auxiliar na marcha e no equilíbrio, prevenindo quedas e evitando o excesso de peso em determinados pontos dos pés;
  • Incrementar a propriocepção (sensação de posicionamento das articulações no espaço) e a sensibilização do pé através do uso de bolinhas (várias texturas) (FOTO 2) e tecidos (no caso do pé diabético deve-se iniciar com um tecido mais grosso, progredindo para um tecido mais fino)(FOTO 3);
  • Em casos de dor decorrente de neuropatia periférica é de grande utilidade o emprego do TENS, que é uma corrente elétrica de alta freqüência, que bloqueia os canais de dor, e na grande maioria dos pacientes leva a um grande alívio da mesma;
  • Abusar da consciência corporal: orientar o paciente a sentir as diversas partes do corpo, procurar perceber as regiões doloridas ou tensas do corpo, se um lado do corpo é mais pesado ou mais leve que o outro, tanto em pé, quanto na posição deitada. A consciência corporal é extremamente importante para que o paciente conheça seu corpo e entenda as mensagens que o corpo está enviando.
Quando as lesões ou ulcerações já estão instaladas no pé, o fisioterapeuta pode fazer uso do ultra-som, que é um calor profundo que auxilia na formação de colágeno nas bordas da ferida que auxiliam no processo de cicatrização. Deve-se também orientar o posicionamento correto do membro a fim de evitar contraturas de músculos e tendões e com o intuito de melhorar a circulação, evitar inchaços, e prevenir a perda da capacidade funcional do membro lesionado.

Conclusão

O fisioterapeuta como membro integrante da equipe multidisciplinar atua intensivamente melhorando a qualidade de vida do paciente diabético. À medida que ocorre a familiarização com os procedimentos fisioterapêuticos, o paciente vai compreendendo a importância deste profissional dentro do tratamento do pé diabético e do Diabetes mellitus como um todo. No próximo artigo vamos abordar o tema: reabilitação cardíaca e prescrição de exercícios para o paciente diabético.
  • Fortalecimento da musculatura intrínseca do pé
    FOTO 1: fortalecimento da musculatura intrínseca do pé. Colocar um pano estendido no chão e com a ponta dos dedos vá puxando este pano até que ele fique “encolhido”. Pode ser feito nos dois pés, “encolhendo” o pano duas vezes de cada lado.
  • Propriocepção do pé com bolinha
    FOTO 2: propriocepção do pé com bolinha. Podem ser usadas bolinhas de diversas texturas e tamanhos. Este trabalho pode ser feito todos os dias, durante 3 minutos, passando a bolinha por toda a planta do pé. Quando terminar de um lado, compare os dois pés, tente perceber o apoio dos dois pés no chão, comparando-os e faça do outro lado.
  • Sensibilização do pé
    FOTO 3: sensibilização do pé. Passar o tecido por todo o pé, como se estivesse limpando toda sua superfície. Pode ser feito todos os dias, durante 3 minutos. Este trabalho deve ser iniciado com um tecido mais grosso, como uma toalha (que por ser áspero, é mais fácil de sentir) e à medida que a sensibilidade for melhorando, vá progredindo para tecidos mais finos como malha de algodão, viscose, cetim e seda.